A memória é o santuário da nossa existência, o tecido que entrelaça nossa jornada, moldando quem somos e definindo a percepção do mundo ao nosso redor.
Ivan Izquierdo, neurocientista brasileiro, é reconhecido por suas contribuições significativas para o campo da neurociência, especialmente no estudo da memória, mergulhou profundamente nesse enigma em sua obra “Memória”. Sua abordagem cuidadosa e perspicaz revela os mistérios e complexidades desse aspecto crucial da nossa cognição.
Segundo ele, a memória é muito mais do que um simples depósito de informações; é um processo dinâmico e intrincado. Izquierdo ilustra como nosso cérebro codifica, armazena e resgata lembranças, tecendo conexões únicas e complexas entre neurônios. Essa dança entre moléculas, sinapses e áreas cerebrais é um delicado equilíbrio que molda nossas experiências, nossas escolhas e até mesmo nossa identidade.
O livro de Izquierdo também destaca a fragilidade da memória, demonstrando como ela pode ser influenciada por inúmeros fatores, sejam eles emocionais, ambientais ou até mesmo o simples desgaste do tempo. Ele nos alerta sobre a falibilidade desse mecanismo, apontando como lembranças podem ser distorcidas ou esquecidas, mostrando que a memória é suscetível
No entanto, a obra não apenas enfatiza as fragilidades, mas também celebra a plasticidade e a adaptabilidade da memória nos mostrando como, mesmo diante de falhas ou perdas, o cérebro pode se reorganizar, reconstruir e formar novas conexões, permitindo a recuperação de lembranças ou a aquisição de novos conhecimentos.
Assim, através das palavras de Izquierdo, somos levados a compreender que a memória não é apenas um arquivo do passado, mas uma tapeçaria que entrelaça nossa história, nossa personalidade e nossa compreensão do mundo. É um tesouro delicado e mutável que molda nossas vidas de maneira única e incomparável.
Alguns dos principais conceitos tratados por Isquierdo:
Memória de curto prazo: é a capacidade de reter informações por um curto período de tempo, geralmente de alguns segundos a alguns minutos.
Memória de longo prazo: é a capacidade de reter informações por um longo período de tempo, que pode ser de horas a décadas.
Memória episódica: é a memória de eventos específicos que ocorreram na vida de uma pessoa.
Memória semântica: é a memória de informações gerais, como fatos, conceitos e palavras.
Memória procedimental: é a memória de habilidades motoras, como andar, dirigir ou tocar um instrumento.
Memória autobiográfica: é a memória de eventos pessoais que ocorreram na vida de uma pessoa.
Sinapse: é a conexão entre dois neurônios.
Plasticidade sináptica: é a capacidade da sinapse de se modificar, o que é essencial para a formação e a consolidação da memória.
Consolidação da memória: é o processo pelo qual a memória é estabilizada e torna-se resistente ao esquecimento.
Evocação da memória: é o processo pelo qual a memória é recuperada.
Extinção da memória: é o processo pelo qual a memória é enfraquecida ou apagada.
Idade: a memória tende a se deteriorar com o envelhecimento.
Estresse: o estresse pode prejudicar a memória.
Sono: o sono é essencial para a consolidação da memória.
Aprendizado: o aprendizado pode melhorar a memória.
Emoções: as emoções podem influenciar a memória.
Drogas: algumas drogas podem prejudicar a memória.
A memória, portanto, não é somente um depósito estático do passado, mas um processo vivo e dinâmico que molda nossa percepção do mundo e nossa própria identidade. O autor nos convida a refletir sobre a natureza mutável e cativante desse fenômeno e a apreciar a riqueza e complexidade das nossas lembranças.
Referências bibliográficas
- Izquierdo, I. (2006). Memória. Porto Alegre: Artmed.